Em 2011 eu...

... comecei o Ano Novo em uma festa num sítio, longe dos meus amigos, me sentindo um tanto solitária e deslocada.
... descobri que tinha sido aprovada em um concurso que havia feito ano passado e que eu achei que não tinha chance. Fiquei em sétimo e só tinham duas vagas. Mas mesmo assim estou feliz.
... comecei o meu projeto de doutorado original. Ou melhor, tentei começar. O departamento ainda está com o liofilizador parado e o projeto não tinha como andar sem isso.
... fiz 2 anos de namoro com um cara ótimo. Fora de série.
... mudei de projeto de doutorado pra minha planta do mestrado. E comecei a saga de conseguir material pra trabalhar com ela.
... passei o carnaval mais em casa do que em outro lugar. Cada vez mais o Rio está cheio, ficando uma confusão nas ruas, o que me deixa um tanto irritada e de mau humor.
... fiz 25 anos com duas comemorações simples: uma pra família e outra pros amigos. Mal sabia eu que seria meu último aniversário com meu pai vivo. Se eu soubesse teria comemorado o mês todo e tirado 10x mais fotos.
... fui à colação de grau do meu namorado. E fiquei extremamente orgulhosa dele.
... me senti sozinha, com o namorado distante.
... consegui coletar a planta que precisava pro projeto 2 de doutorado. Embaixo de um sol quente, em Grumari.
... perdi o meu pai, no dia 15 de abril, as 2 da manhã. E perdi o chão, um pedaço do coração, o cara que mais me amou, meu maior exemplo. O cara que nunca mediu esforços pra ajudar a família. Que bateu no médico e na enfermeira quando eu entrei em coma com 4 meses de vida. Que achou que não me veria fazer 15 anos e foi assistir todo orgulhoso a minha defesa de mestrado ano passado. Perdi o cara que me ensinou que estudar é importante, que nossos filhos devem chegar o mais longe possível. Perdi a chance de ouvir "oi filhota" pro resto da minha vida.
... passei a perna, sem querer, em uma amiga e por causa disso perdi a amizade dela.
... fui colocada na berlinda pelo namorado. Senti o chão sumir mais uma vez. Senti um pedaço de minha indo embora mais uma vez. Um pedaço que eu não sabia que existia. Um amor que eu não sabia que era tão grande. Tive medo. Chorei, chorei, chorei. Dei espaço. Me aproximei. Quis embora. Ensaiei milhares de despedidas. Não conseguir dizer nem uma delas. Não quis pra falar a verdade. Queria que ele me quisesse. Que não tivesse dúvidas quanto à gente. Quanto à mim. Quis que eu fosse pra ele o amor que ele era pra mim.
... fui tirada da berlinda.
... tive uma amigdalite na mesma semana que tive suspeita de dengue.
... peguei uma virose braba na semana seguinte.
... sofri com o fim do noivado da minha melhor amiga. Eu tive vontade bater nele e nela. De fazer com que ele sumisse da vida dela e nunca mais aparecesse e fazer com que ela nunca mais pensasse nele.
... eu comecei a me sentir sozinha no laboratório. Duas amigas não são mais minhas amigas e não falam comigo. Isso tornou as coisas mais difíceis. Fui ficando desanimada com as coisas.
... eu ganhei um sobrinho lindo, risonho, fofo.
... eu comecei a dar aula, numa cidade a duas horas e meia da minha casa. E ganhei alunos excelentes e uma experiência de vida que vale muito.
... comprei meu primeiro carro. Um celta preto. Lindo.
... bati o carro numa pilastra no meu primeiro dia com ele.
... viajei com minha irmã e meu sobrinho. Conheci a Bahia e adorei.
... troquei de projeto de doutorado pela segunda vez no ano. Acho que com esse a coisa vai andar, já que ele é mais promissor.
... tive um ano pesado. Intenso. Com muitas dores, muitas perdas, muitas lágrimas.
... fiquei doente mais algumas vezes.
... me tornei mais paciente, mais companheira e mais amorosa com minha mãe e irmãos.
... ganhei um namorado mais dedicado, mais amoroso, mais preocupado.
... tenho menos amigos que no início do ano, mais alguns estão mais próximos e mais presentes.
... chorei dezenas de vezes com saudade do meu pai. Chorei na hora de arrumar as fotos do meu quarto. Chorei ao pensar no meu casamento e nos meus filhos. Chorei na Páscoa, no dia das mães, no aniversário dele, no dia dos pais, no Natal, enquanto escrevia este post e provavelmente vou chorar no Ano Novo.
... decidi guardar dinheiro pra usar quando eu for casar. E acho que o namorado decidiu isso também.
... decidi que vou fazer Engenharia de Produção no ano que vem. Não sou feliz como farmacêutica. Mas sou feliz como professora, por isso vou continuar dando aula.


e principalmente, eu decidi que não quero outro ano pesado como esse. Quero mais equilíbrio. Quero mais maturidade. Mais paz.

E eu

Chato é achar que você está se tornando uma dessas pessoas que o mundo chama de amarga.

Finalmente é dezembro

Eu acho que nunca desejei tanto que um ano passasse rápido. Pra falar a verdade, normalmente é o contrário. 


Esse ano pra mim foi ruim. Muito ruim. Meu terapeuta diz que foi um ano intenso. De muitas mudanças. Namorado também diz isso. Mas eu não consigo ver desse jeito.


Seria hipocrisia dizer que não houve nada de bom. É claro que houve. Meu carro, as aulas de química, o namoro fortalecido, algumas amizades fortalecidas. Não foi um ano TODO de ruim.


O que pesa é que as coisas tristes aconteceram ao mesmo tempo. E uma delas deixa um buraco que nunca vai ser tapado.


Eu quase não choro a falta do meu pai. Não que eu não sinta. Mas em geral dá pra levar, sabe?! Eu choro nos dias que não dá pra levar. Nos dias em que eu acordo e sinto uma vontade imensa de vê-lo na sala vendo televisão. Nos dias que eu planejo meu casamento e lembro que ele não vai estar lá. Ou então nos dias em que eu vou organizar minhas fotos e vejo que meus 25 anos foi o último aniversário dele aqui comigo.


Eu choro por saber que nunca mais vai rolar um abraço sabe...Ou uma sacaneada por conta do Fluminense.


Pensar no Natal sem ele aqui me faz ir às lagrimas. Pensar na minha mãe sozinha no Ano Novo também. Minha mãe morre de medo de fogos de artifício e meu pai era sua companhia.


Eu sinto falta dele. Sinto falta das pessoas que se afastaram. Sinto falta do meu 2010.


2011 é um ano pra se esquecer, mas que eu sei que sempre será lembrado.


Eu só queria que 2012 chegasse logo. Pra 2011 não ser mais o hoje.