2 meses

2 meses se passaram desde que meu pai foi descansar no céu.

E nesses 61 dias eu andei tão enrolada. Meu namoro, minha saúde, meu doutorado... tanta coisa que ás vezes dava a impressão de que seria fácil passar por isso.

Mas aí eu chego em casa e encontro tudo apagado. O cheiro da casa não é mais o mesmo. Nem os sons.

E eu vejo que não é tão fácil quanto eu achei. Eu vejo que eu sinto muita falta do cheiro antigo. E dos sons antigos.

E principalmente, eu sinto muito a falta do meu pai. Sinto falta do "oi filhota!", do "oi" ao telefone, da tv no último volume, do "tá muito ocupada? dá uma olhadinha no resultado da loteria pra mim?". Saudade dos abraços que eu deveria ter dado mais, das fotos que eu deveria ter tirado.

Eu sei que ele está bem, e sei que a gente vai ficar bem também. Mas é difícil não chorar de saudades. Não pensar no que eu compraria de presente pra ele, que faria 77 anos daqui a duas semanas.

É difícil ouvir minha mãe chorando e não poder fazer nada.

Eu sei que as coisas vão ficar bem no futuro, mas hoje a saudade doeu um pouco mais.