Meu dia 21 foi normal. Fui pra minha faculdade, depois fui à colação de grau de um amigo e depois vim pra casa encontrar namorado. Nada de mais.
Se pensei no acidente ao longo do dia? Sim... pra falar a verdade penso alguma coisa relacionada à ele quase todos os dias.
Digamos que o acidente clareou o mundo e me fez ver coisas que eu antes demoraria muito tempo pra ver.
Não tenho como agradecer o esforço que minha família fez na época por mim, aos meus amigos que me ajudaram a resolver mil problemas na faculdade enquanto eu estava em casa e depois que eu comecei a ir de muletas, além de me carregarem de muletas pra night. E ao falecido que foi super prestativo na época. Fez o que nenhum ex-namorado faria: deixou o PS2 comigo! Além de me visitar dia sim, dia não e me levar todas as comidas que eu queria mas não tinha como comer por não sair de casa. Ao longo da recuperação ainda me levou pra dar uns passeios de cadeira de rodas.
Normalmente eu sou uma pessoa bem humorada mas na época do acidente eu era o mau humor em pessoa. Ter que ficar em casa vendo TV acabava comigo. E se não fosse o esforço de algumas pessoas eu teria ficado sempre de mau humor.
O acidente me ensinou o básico: atravessar a rua com cuidado, de preferência na faixa de pedestres. Mas também me fez ver que as pessoas que realmente se importam com a gente sempre dão um jeito de aparecer e de ajudar.
E é isso que eu carrego comigo um ano depois (além das placas e pinos e da tendinit nas 2 mãos). Esse sentimento de saber que quem se importa, sempre aparece.