E eu não cheguei à praia..

Hoje foi a audiência sobre o meu atropelamento. Tranquilo. O cara que me atropelou é um fofo, tava super preocupado comigo e fez um cara de alívio tão fofa quando me viu que eu quase que me senti culpada por dar esse susto a ele. Ele é médico, cirurgião plástico e prometeu cuidar das minhas cicatrizes caso elas não sumam em um ano. \o/

Estávamos conversando enquanto não nos chamávamos e pedi para me contar como tinha sido. Porque eu não me lembro de algumas coisas. Simplesmente tinha um vazio na minha mente.

Então a descrição a seguir já é a completa... rs

Acordei cedo e vi o sol brilhando lá fora. Nem pensei duas vezes: vou à praia. Me arrumei, peguei minha bolsa, uma garrafa de água e fui. Peguei o metrô porque era mais rápido.

Desci em Copa e fui andando até a praia. Cheguei na Av Atlântica, esquina com a Siqueira Campos e olhei pro lado rapidamente. Não vinha nenhum carro ou ônibus ou moto. Eu pelo menos achei que não vinha.

Estava com os pensamentos lá longe. Minha 1ª semana de férias, sem nada pra estudar. Estava pensando na roupa que ia usar no show do Monobloco. "Short ou vestido? Vestido. Mas não tem bolso. Então short." Pensando que ainda tinha que comprar o ingresso. Se iria ou não encontrar alguém por lá. Lembrando da festa de formatura que tinha sido no sábado.

E ouvindo música. Fone de ouvido no mais alto volume.

Atravessei a rua do mesmo jeito que vinha na calçada. Calmamente.

Até que senti alguma coisa vindo. Era uma moto. Hoje soube que entrei em choque e travei. A moto me pegou e me derrubou. Passou por cima dos meus pulsos quando coloquei os braços próximo ao tórax/rosto pra me proteger. Agora sim entendi porque e como quebrei os 2 pulsos.

A perna provavelmente quebrou no primeiro impacto. Não sei. Não me lembro.

Depois de ver a moto só lembro de estar no chão. De ver o cara estacionando, parando o trânsito e vindo falar comigo.

Hoje soube que tentei me levantar e ele não deixou. Duas médicas que estavam a passeio pararam pra me socorrer. Uma delas ligou pra minha irmã:
- Oi. É a Mônica?
- Sim
- Sua irmã, a Kassia foi atropelada agora de manhã.

Pensamento da minha irmã: é trote.. vão pedir dinheiro agora.

- Minha irmã? Aonde?
- Na Av. Atlântica

Pensamento da minha irmã: Não é trote. Kassinha estava indo à praia.

Dei os meus dados para o PM. Devo ter falado várias coisas que não me lembro. Devo ter dito pra me levarem pro Hospital São Lucas, pois o cara que me atropelou é médico e foi me procurar lá depois.

A ambulância chegou e eu fui levada para o Hospital Miguel Couto. O Ricardo (motociclista) trabalhou lá por 3 anos e ligou pros amigos dele de plantão avisando que eu estava indo pra lá. Pediu pra cuidarem de mim com carinho. E assim foi. Eu fui MUITO bem cuidada no MC. Todos foram super pacientes, super atenciosos e gentis. Exceto pelo fato de que não me davam água.

Tá. Eu sei que nessas situações eu não podia beber nem comer nada. Mas po, minha última refeição tinha sido as 9 da manhã e era um copo de café com leite. Eu estava louca de sede!!!

Minha irmã já tinha sido avisada e já tinha avisado ao meu cunhado, que também é médico. Ela foi pro MC me encontrar e meu cunhado ficou ligando pros amigos dele ortopedistas. E aí começava uma busca por uma sala de cirurgia livre. Eu tinha 3 fraturas expostas e precisava ser operada no mesmo dia.

Acho que eu sangrei muito (só fui me ver no espelho uns 4 ou 5 dias depois do acidente) no rosto pois minha irmã quando me viu ligou pro meu cunhado dizendo que eu ia precisar de uma plástica.

[Meu pensamento quando soube disso dias depois: posso fazer uma lipo e colocar silicone também? Rs]

No meio da tarde conseguiram uma vaga na Clínica Santa Lúcia e lá fui eu transferida. Com direito a tchauzinho de toda equipe da ortopedia e um: "Passa aqui quando melhorar!"

Cheguei ao Santa Lúcia, me acomodei e pensei: preciso avisar aos meus amigos.

- Mãe, liga aí pra mim: xxxx-xxxx.

Toca, toca, toca e nada.. é.. vou tentar outra amiga

- Mãe.. agora tenta tal número.

- Alô.. Patty minha amiga que sofreu o acidente no início do ano e também se quebrou estilo lego? É a Kassia.. Sabe o que-que-é? Eu fui atropelada e me quebrei toda. Vou operar agora de noite. Tem como você avisar ao povo pra mim?
- Heim? (estado de choque) Do que você está falando?

Lá vou eu repetir toda a história, dizer onde estava e falar que iria ficar infelizmente alguns dias ali.

Fiz isso mais 2x avisando outras amigas.

Os médicos vieram falar comigo. As anestesistas também.

Surge o drama de quem tira a minha lente de contato.

Drama resolvido pela anestesista que também usava lente de contato.

Surge o segundo drama: "Não cortem meu biquini. É novo!". Fiz O escândalo, implorei, quase chorei. Argumentei que era de lacinho, que não precisava cortar. Que era muito bonito e eu quase não tinha usado. Já tinha perdido um dos meus melhores shorts e uma das minhas melhores blusas, ainda ia perder o biquini? Achar um bom biquini requer tempo. É pesquisa de modelo + estampa + preço.. É muita coisa envolvida e eu realmente não queria me desfazer daquele biquini. Acho que pedi tanto que no final não cortaram meu biquini.

Segundo drama resolvido.

Vem o pré-anestésico, que teoricamente deveria fazer eu dormir. Ele não funciona. Eu entro super acordada na sala de cirurgia. Na saída do quarto só ouço minha mãe que até então se manteve forte e segura do meu lado caindo num choro desesperador. Minha irmã vai junto. Meu cunhado também.

Pronto: parabéns! Consegui com uma ida à praia mudar a vida da família toda.



Continua num próximo post!

1 comentários:

Raquel Diniz disse...

^^
que história heinm!?!?
e ainda mais: verídica!!
com sobrevivente e tudo..kkkk
dá até p/ vc publicar um livro sobre isso:
"contos de uma sobrevivente"^^
..soh é uma opinião tah:?!?!
heheheh
bjss